Num dia de Natal em que a volatilidade voltou a testar convicções, as conversas em r/CryptoCurrency giraram em torno de manipulação de mercado, fluxos institucionais e a eterna disciplina de comprar no medo. Em paralelo, a comunidade debateu segurança de carteiras, privacidade e o papel das finanças tradicionais, revelando um mosaico de expectativas para 2026.
Volatilidade, manipulação e a disciplina de comprar no medo
A discussão mais intensa partiu das alegações de conluio entre Binance, USD1 associado a Trump e Wintermute, que teriam provocado um salto momentâneo do par BTC/USD1 a 24 mil e gerado liquidações superiores a cem milhões de dólares. Em resposta ao nervosismo, muitos buscaram orientação em máximas conhecidas do setor, como a visão de que “investidores inteligentes” atuam na contramão do pico de euforia, reforçada pela declaração recente de CZ. Até o vaivém de celebridades do mercado, como a mudança de tom de Jim Cramer após jurar que nunca mais compraria cripto, foi usado como sintoma do ciclo.
"Imagine ter ordens de compra a 24 mil, ao acaso, e elas serem executadas..." - u/partymsl (707 points)
Do lado dos fluxos, o ritmo das instituições pesou: os ETFs de Bitcoin registraram saídas de 825 milhões em cinco dias, com os Estados Unidos atuando como maior vendedor e a Ásia como maior compradora. Entre explicações de colheita de prejuízos e vencimentos de opções, a comunidade ecoou que esses movimentos são cíclicos e, por vezes, prelúdio de nova estabilização — o terreno onde estratégias de comprar no medo tendem a ser testadas com mais rigor.
"As saídas mostram mudança de sentimento. Instituições estão realizando lucros ou rotacionando. Não surpreende após a recente alta." - u/MarzNstarZ (1 points)
Infraestrutura, segurança e privacidade em foco
Num plano mais estrutural, houve preocupação com o “veneno de endereços”: após um prejuízo de 50 milhões, CZ sugeriu que carteiras deveriam bloquear destinatários conhecidos e filtrar microtransações suspeitas, proposta que ganhou tração no debate sobre medidas contra golpes de envenenamento de endereços. A ideia de rotular e esconder spam em históricos de carteiras dialoga com a necessidade de padrões de segurança mais proativos, especialmente à medida que o uso se massifica.
"Carteiras não deveriam exibir transações de spam. Se o valor é pequeno, basta filtrar — é simples e decepciona que ainda não seja padrão." - u/KIG45 (16 points)
Privacidade também despontou como vantagem competitiva: a COTI apresentou um roteiro ambicioso para 2026, com “privacidade sob demanda” e RWAs focados em confidencialidade, tema destacado no anúncio de expansão de infraestrutura e ativos do mundo real. Em paralelo, as expectativas para a rede de maior tração em aplicações generalistas se renovam, com atualizações que podem alterar capacidade e custos — uma visão reforçada pelo otimismo de que 2026 pode ser o ano do Ethereum, especialmente se alavancado por adoção institucional e melhorias técnicas.
"Não é a primeira vez que ouço isso..." - u/DryMyBottom (59 points)
Narrativas macro, finanças tradicionais e cultura de mercado
No eixo entre cripto e bancos, a ideia de crédito respaldado por Bitcoin voltou ao centro com a agenda de encontros de Michael Saylor com grandes instituições, proposta vista por parte da comunidade como uma ofensiva especulativa de fase dois. Já no campo da avaliação de riscos sociais e regulatórios, emergiu o argumento de que mercados de previsão não são mais arriscados do que bolsas de ações, apontando benefícios de previsões coletivas mesmo sob escrutínio de reguladores.
Por fim, o humor natalino capturou a tensão geracional entre reservas tradicionais e ativos digitais, com um meme que contrapõe “boomers com ouro e prata” e “entusiastas de cripto”, sintetizado na brincadeira que viralizou no subreddit. A cultura de mercado, entre sarcasmo e autocrítica, segue como termômetro útil para ler ciclos de rotação e o apetite por risco que alimenta os próximos capítulos.